1977 - O ano que nunca acabará!




Todo corinthiano que se preze, sabe o que significa o dia 13 de outubro de 1977.

Eu, que só nasceria 11 anos após esta data, sinto um imenso orgulho desta conquista, como se realmente tivesse vivido aquele momento e acredito que todo corinthiano, mesmo aqueles que nasceram muito tempo depois, sintam o mesmo.

Tudo o que eu leio ou escuto sobre este título me fascina. Desde pequeno adoro ouvir as histórias dos meus pais sobre este dia.

Meu pai sempre falou de quanto era sofrido, mas também magnífico, torcer pelo Corinthians naquela época. Imagina um clube do tamanho do Corinthians ficar longos 22 anos e 8 meses sem títulos? Nada era fácil para aquela geração de sofredores corinthianos.

Mas, o que seria motivo para muitos clubes perderem torcedores, para o Corinthians - sempre diferente que é - serviu, na verdade, de motivação, não só apara manter a já sua enorme torcida, como também para aumenta-la cada vez mais. Coisa de louco. Um bando de loucos.

E esses torcedores não se deixaram abater por nada.

Por muitos campeonatos naquele período o Corinthians esteve perto do título, mas este título teimoso era nunca vinha para o Parque São Jorge. Uma frustração que todo ano o torcedor alvinegro tinha que passar. Por mais um ano a fiel teria que esperar.

Esperar, alias, era a segunda virtude que todo o corinthiano tinha naquele tempo. Só perdia para outra qualidade que todo o louco por este time sempre teve e sempre terá: a lealdade.

E em 1977 não foi diferente.

Depois de um começo oscilante, o timão cresceu no momento certo do campeonato e após ser campeão do segundo turno e ficar entre os dois melhores no terceiro, o Corinthians voltou a final do campeonato paulista, desta vez, contra a Ponte Preta, para muitos, superiores ao Corinthians.

No primeiro jogo, dia 05 de outubro, vitória corintiana por 1 a 0, com gol de cara de Palhinha. O título estava perto, muito perto.

A segunda partida aconteceria no dia 9 de outubro, uma nova vitória corinthiana acabaria com o sofrimento. Nesta partida um recorde que jamais será o quebrado. Com o público de 138.032 pagantes e mais 8.050 menores, o Morumbi viu o maior publico de sua história. A torcida Corinthiana acreditava que naquele domingo soltaria o engasgado grito de campeão, mas não soltou. A Ponte venceu de virada a partida por 2x1 e por pelo menos mais longos quatro dias a fiel torcida teria que esperar.

Então veio o tão aguardado dia da libertação. Era uma noite de quinta-feira, segundo meu pai, toda a cidade estava parada. Muitos corinthianos foram para o Morumbi, mas precisamente 86.677. Outros tantos ficaram em suas casas, assistindo em suas TVs ou ouvindo em seus rádios a partida mais aguardada por uma geração de torcedores.

O jogo começou e a tensão estava a mil. A fiel torcida misturava sentimentos de apreensão e esperança ao meu tempo. Aos 16 minutos de jogo a torcida corinthiana teria sua primeira alegria naquela noite: a expulsão do perigoso atacante da Ponte Preta, Rui Rei, por reclamação. O Corinthians jogaria aquela decisão até o fim com um homem a mais.

O tempo passava e o timão, mesmo com a vantagem do empate na prorrogação, partia para o ataque em busca da vitória, mas o primeiro tempo acabou sem gols. Faltavam mais 45 minutos pelo menos para o fim do tormento.

O segundo tempo continuava na mesma levada, mas para a torcida corinthiana o tempo não passava.  Aos 36 minutos o lance que entrou para história. O Lateral Zé Maria bate uma falta pela direita. A bola percorre toda a pequena área e vai parar no pé de Vaguinho, que, de bico, chuta a bola no travessão do goleiro Carlos. Na volta, ela quica no chão e sobe para Wladimir cabecear. Em cima da linha, Oscar, também de cabeça, salva. Mas no rebote, a bola sobra para o pé direito de Basílio. O meia, com toda a força, faz então o esperado gol. O gol mais importante da história do Corinthians.

O que se viu nos 8 minutos restantes daquela partida foi simplesmente uma mera formalidade. Ainda houve tempo para as expulsões de Oscar e Geraldão, mas nada que mudaria o resultado. Aos 46, o arbitro Dúlcidio pede a bola e encerra a partida: o Corinthians é campeão.
A fiel estava libertada.

Não havia mais o que os adversários pudessem falar. O dono da taça depois de mais de vinte e dois anos era de novo o time do povo.

Depois o que a cidade São Paulo viu, segundo os meus pais e todos que viveram aquele momento, foi à festa mais bonita que já se viu. Provavelmente muita gente não trabalhou naquela sexta-feira. O que valia mesmo era comemorar aquele caneco, tão esperado, mas que quando chegou, veio da forma que toda a nação queria: na raça, na vontade, com sofrimento, do jeito que todo corinthiano gosta.

O título de 1977 é mais do que uma conquista, é um símbolo de um novo Corinthians que nascia ali. Um Corinthians vencedor, sem traumas, que poderia passar por qualquer dificuldade. Um clube que revolucionaria um país com sua vitoriosa democracia em plena ditadura militar brasileira. Um clube que ganharia o Brasil, a América e o mundo, realizando mais duas invasões de loucos torcedores que cruzaram o mundo para demonstrar o amor que sentem por este tão sagrado manto. Um clube que mesmo quando caiu, soube se levantar e mostrar que nenhuma dificuldade o abalaria. Um clube que todo o Corinthiano sempre teve orgulho de amar.

Por isso, agradecemos muito ao pé de anjo Basílio, ao saudoso técnico Oswaldo Brandão e a todos os outros heróis daquela conquista. Sem vocês não teríamos escrito essa que é a página mais linda de nossa história. A página que conta o título paulista do ano de 1977. O ano que nunca acabou e nunca acabará. O ano que estará eternamente em nossos corações.

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